Moçambique - FORMAÇÃO TERRITORIAL: Vasco de Gama em 1498 na sua primeira viagem à Calicute, ìndia, aportou a Ilha de Moçambique, Foz de Zambeze, Mombaça e Melinde. Na segunda viagem à Índia em 1502 bombardeou Quilos, como represália contra o seu rei que hostilizara Pedro Alvares Cabral em 1500, e impôs um tributo anual de 500 metecais de ouro. D. Francisco de Almeida em 1505 conquistou Quiloa e Socapa e ali construiu a fortaleza. Mais tarde em 1507 mediante licença dos chefes locais foram construidas três fortalezas com feitorias na Ilha de Moçambique, autênticos baluartes militares, com ruas, casas, igrejas, confrarias religiosas e caritativas, seguindo o sistema administrativo metropolitano, e serviam de apoio aos navios da rota da Índia, especialmente durante o retorno. No sul o explorador Lourenço Marques contactou os chefes locais e ali estabeleceu uma povoação de 200 a 300 europeus, formando um centro comercial, com o seu nome.
Esta cadeia de fortalezas e feitorias fundada de Lourenço Marques até à Etiópia serviam de escala à navegação à Índia e eram também bases de expedições para o interior à procura do ouro e afirmação da soberania com estabelecimento de feitorias em Sena em 1531, e em Tete, Quelimane e Inhambane até 1540, como portos de comércio nos rios Punge e Gui, e onde para estimular o povoamento e o comércio concederam terras, no século XVII, em regime de prazos, aos donatários, com a atribuição de um direito real- a enfiteuse, por um período de três gerações. Estas terras da Coroa estavam ligadas pelas rotas de comércio a regiões distantes da África Central, onde também chegavam os comerciantes de Angola, daqui nascendo o sonho de implantação de um grande império transcontinental, sendo de destacar a expedição de Lacerda de Almeida em 1798, que partindo do Tete queria atingir Angola, mas que faleceu durante a viagem em 1799.
Em meados do século XVII os holandeses diversas vezes atacaram Moçambique e em 1698 algumas possessões a norte do Cabo Delgado caíram nas mãos dos árabes com a ajuda inglesa, como Mombaça e Zanzibar, depois de um longo cerco. Na década de 1720 os holandeses tornam atacar em vão, Lourenço Marques, mas é conquistada pelos ingleses. Em 1728 Portugal reconquistou Lourenço Marques e em 1728 Mombaça e Zanzibar, mas nos anos seguintes perdeu estes 2 territórios definitivamente. Com a sua política da defesa o Governador, Baltazar Pereira de Lago, fortificou Tete e Inhambane. Depois da revolução francesa os franceses atacaram e destruíram Lourenço Marques
Os textos constitucionais, relativamente aos domínios africanos, enumeravam um conjunto de territórios espalhados na área atlântica e índica, constituindo três governos gerais – o de Cabo Verde e Guiné, o de Angola e o de Moçambique – e um governo particular – o de São Tomé e Príncipe e São João Baptista de Ajuda. O governo de Moçambique, na costa oriental africana, era descrito como constituído de territórios de Moçambique, Rios de Sena, Sofala, Inhambane, Quelimane e Cabo Delgado, os quais iam desde a baía de Lourenço Marques até a baía do Tungue junto ao Cabo Delgado, mantendo-se uma faixa entre Quelimane e Tete, ao longo de todo o vale de Zambeze, com penetração no interior até 500 km da costa, onde em 1838 distribuiram terras aos órfãos e ex-alunos da Casa Pia de Lisboa.
Na primeira metade do século XIX a expansão no interior foi condicionada com as invasões dos povos nguni, vindos do Natal, impelidos pela expansão dos zulus, os quais fixaram-se no sul da Zambézia, formando o império militar de Gaza, com a capital em Chaimite, cuja resistência durou até 1895, obrigando os portugueses abandonar Manica, Zumbo e Massango, excepto Sena e Tete e em 1869. Este declínio português é reforçado, na década de 1850, com a Conferência do explorador-missionário irlandês, Livingstone, em Londres, depois de visitar Moçambique, em que divulgou as suas impressões, e Portugal perdeu os direitos que reivindicava sobre Zambézia. Na década de 1870 os projectos coloniais de Leopoldo II da Bélgica de adquirir territórios de Moçambique, Abissínia, Formosa e Filipinas, à Holanda, Espanha e Portugal, não tiveram sucesso.
Após uma guerra movida pelo afro-português, João Bonifácio da Silva, grande senhor do prazo de Maganja e negociante de escravos, foi tomado o sultanato de Angoche em 1861, desde Rovuma a Lourenço Marques.
COLONIZAÇÃO E ECONOMIA: Em 1671 a Coroa para fomentar o comércio decretou a liberdade de comércio e estabeleceu uma Junta de Comércio. Os agentes de comércio eram europeus, goeses e diuenses, destacando-se a Companhia de Diu, com monopólio comercial entre Diu e Moçambique. Esta companhia também procurou controlar o comércio com Macau, mas faliu-se em 1699. Nos finais do século XVIII desenvolve-se a pesca de baleia e é introduzida a cultura do café. São também estabelecidas as Juntas de Fazenda e Alfândega.
Nesta altura dá-se o tráfico de escravos ao Brasil e às Ilhas do Índico e ao Oriente, quando as autoridades política e economicamente se encontravam fracas, nas mãos das oligarquias suahli-macuas, cujos veleiros mantinham-se ao serviço da Coroa garantindo o tráfego naquele oceano, mas que ora fomentavam conflitos ora estabeleciam alianças com os potentados do interior e com os senhores dos prazos, e, ao mesmo tempo as suas relações com as autoridades portuguesas deterioravam-se face a proibição oficial e às ameaçacs das fragtas de Royal Navy e a conconrrência dos franceses e dos árabes a norte e dos ingleses e holandes, no sul contrariavam os interesses portugueses. Além dos suhali-macuas havia comerciantes de origem indiana, os baneanes, que dinamizavam as trocas de ouro, marfim e escravos pelos panos e outros produtos vindos da Índia. Os europeus trocavam armas de fogo por escravos e marfim, fortalecendo o império militar de Gaza. Os escravos eram destinados para as Ilhas Mascarenhas e Cuba, cujo transporte era feito nos velozes clippers norte-americanos, que escapavam facilmente à perseguição da marinha inglesa. Com a tomada do Sultanato de Angoche em 1861, desde Rovuma a Lourenço Marques, permitiu ali a instalação das firmas estrangeiras para plantação e exploração das oleaginosas, nomeadamente gergelim e amendoim, em regime de prazos, sistema que mais tarde foi substituido por arrendamento por tempo limitado. O capital estrangeiro, sobretudo o inglês desenvolveu a exploração mineira, navegação e os camnhos-de-ferro ligando Lourenço Marques a Transval, Beira à Rodésia, Chai-Chai a Maquival e formaram companhias para desenvolvimento regional, como a Companhia de Moçambique com autoridade administrativa e policial na zona de Zambeze e de Luenha, incluindo funções de supervisão de todas as actividades económicas, cobrança de impostos, direitos alfandegários, monopólio postal, realização de obras, estabelecimento de industrias, criação de bancos e instituições de crédito, comércio e industria, concessões agrícolas, fixação dos colonos europeus, despesa com a administração judicial e eclesiástica, fomento de cultura de arroz, algodão, borracha, cana-de-açúcar, café, industria têxtil, sal, diamante e ouro, construção de estradas, melhoramento dos portos; a Companhia de Niassa em 1893, no norte de Moçambique para exploração das minas de ferro e de cravão; a Companhia de Zambeze em 1892 fomentou agricultura em Zambeze, Quelimane e Tete e construiu a via férrea Quelimane-Maquival, abriu canais, estradas, sanatórios e actividade mineira. Houve companhias até a 1ª metade do século XX, ligadas a actividade agrícola, açucareira e mineira. A partir de 1877 estabeleceu-se o Banco Nacional Ultramarino. Na Guerra dos Boers entre 1899-1902 contra os ingleses, Lourenço Marques apoiou os boers ou afrikanders da República de Transval, sobretudo devido ao ultimato inglês e a concorrência económica à burguesia feita pelas firmas inglesas estabelecidas em Lourenço Marques através das suas instituições, bancos, transitários, importadores e exportadores, grande comercio, os quais também não empregavam os portugueses. Em 1910 Moçabique tinha 6 000 europeus, 2 800 militares, sendo 1/3 europeus. A norte viviam os macuas, ainas islamizados, no centro os nanjas, e de origem zulo, os tangos, batangas e muchopes e havia uma confederação das tribos do império vátua dos zulus. As línguas banto eram faladas por oito grupos etnicos distintos, sendo 4 as línguas de maior expressão, macua, tsonga, nyanja e chona.
GUERRILHA: Eduardo Modlaine, formado nos EUA, professor das Ciências Sociais na Universidade de Siracusa, em 1963 foi recebido por Roberto Kennedy dos EUA e com o apoio da CIA, Holanda, Países Nórdicos, China e Bloco do Leste, formou em 1961 a FRELIMO, Frente de LIbertação de Moçambique, em Dar-es-Salam, e em 1964 introduziu 250 homens em Moçambique para fazer a guerrilha. As autoridades militares portuguesas lançaram a operação "Nó Górdio" para destruir as suas bases no norte de Moçambique. Os guerrilheiros já tinham mísseis e um avião DG3-Dakota ao transportar os adidos militares foi atingido sem causar danos maiores obrigando fazer a aterragem de emergência. Massacre de Wiriam: Um Grupo de Combate ao transportar os habitantes duma povoação de Tete para outro aldeamento também em Tete, em Chawole, o helicoptero aterrou no meio da aldeia e um auxiliar negro da PIDE procedeu o ityerrogatório dos elementos infiltrados e quando alguns deles tentavam fugir um soldado disparou uma rajada e foram abatidos algumas dezenas de elementos da população.
Para combater a guerrilha foram criados Grupos Especiais de combate, como GEP, grupos especiais paraquedistas, GEPC, grupos especiais de pisteiros de combate; TE, tropas especiais, e OPDCM, organização provincial de defesa civil de Moçambique, todos juntos atingiam o número de 30 000 e cada grupo especial era formado de 70 homens.
A guerra do ultramar em Moçambique durou 10 anos, desde 1964 até 1974, com 3 136 mortos. Portugal, após a revolução de 25 de Abril de 1974 em Lisboa encetou as negociações para a independência dos territórios ultramarinos. Moçambique tornou-se independente em 25 de Julho de 1975 e Samora Machel, presidente da Frelimo, ocupou o lugar de presidente e impos um governo socialista e antireligioso. Fez nacionalizações e formaram empresas estatais e cooperativas. Insatisfeitos com a administração, os ex-militares moçambicanos do exército português já desmobilizado com a independência e dissidentes da FRELIMO instalaram-se na Rodésia e formaram a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, e as suas forças atacaram as colunas de abastecimento dentro de Moçambique, semearam minas terrestres, destruiram aldeias e infraestruturas, e em 1986 estabeleceream uma base militar em Gorongosa e a guerra espalhou-se a todo o território moçambicano. Esta guerra só terminou em 1992 com o Acordo de Paz entre as 2 partes.
Em conclusão: a guerra da guerrilha durou 10 anos e não conseguiu destabilizar social e economicamente o território moçambicano, mas a guerra após a independência generalizou-se para todo o território moçambicano, destruiu as infra-estruturas básicas, destabilizou a população, criou caos social e económico, durante 12 anos da guerra urbana. Daqui pode-se inferir que a política das independências defendida pela ONU foi um fracasso, que, em vez das independências, devia talvez defender a correcção das anormalidades existentes, como a exploração de mão-de-obra, etc.